07/02/2020

Banco Central reduz taxa básica de juros para 4,25%

Patamar é o menor da história e pode encerrar ciclo de corte nos juros

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta semana, reduzir a taxa básica de juros — a Selic — de 4,5% para 4,25% ao ano. O corte de 0,25 ponto percentual veio em linha com a expectativa do mercado. O comunicado do Copom também sinaliza o fim do atual ciclo de cortes nos juros. Com a decisão, a Selic chegou ao menor percentual desde 1999, quando começou o regime de metas para a inflação. O atual ciclo de redução dos juros começou em julho do ano passado.

De acordo com uma pesquisa semanal Focus, do Banco Central, a previsão dos economistas é que a Selic permanecerá em 4,25% até o fim do ano, voltando a subir em janeiro de 2021 (possivelmente para 4,5%). O comunicado do Copom afirma que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária. ‘Considerando os efeitos defasados do ciclo de afrouxamento iniciado em julho de 2019, o Comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária. O Comitê enfatiza que seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação, com peso crescente para o ano-calendário de 2021’, diz o texto.

O comunicado do Banco Central também avalia que há aumento de incerteza no cenário externo. E considera que os dados da atividade econômica divulgados desde o último Copom, em dezembro, ‘indicam a continuidade do processo de recuperação gradual da economia brasileira’.

Antes, o comitê dizia que o processo de recuperação econômica havia ganhado tração. O BC já considera no seu cenário uma taxa de câmbio a R$ 4,25. É a Selic que orienta o que os bancos, cartões e financeiras cobram de seus clientes —  e o principal instrumento do Banco Central para conter a inflação. Num cenário de inflação em alta, os juros também sobem para desestimular o consumo e evitar que os preços subam ainda mais.

Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs, considera que, apesar da alta do dólar e do choque de preços da carne no fim do ano, o cenário para a inflação ainda é favorável. ‘Além disso, o surto do coronavírus está se configurando como um choque deflacionário potencial para a economia brasileira, tanto por preços mais baixos de commodities quanto por menor crescimento global, principalmente na China’, ressaltou.

Com a inflação em baixa, o Banco Central pode cortar os juros, o que também serve como estímulo para a economia. Para este ano, a previsão do mercado é de que a inflação medida pelo IPCA fique em 3,40% e, para o próximo, em 3,75. O Copom se reúne a cada 45 dias para definir a Selic, buscando o cumprimento da meta de inflação. A meta é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão formado pelo Banco Central e pelo Ministério da Economia. A meta central de inflação para 2020 é de 4% (com tolerância entre 2,5% e 5,5%).

Como investir com os juros no menor patamar da história
As aplicações devem mirar horizontes mais longos; investidor precisa destinar parte do portfólio a ativos mais arriscados para garantir melhores rentabilidades. Essas são algumas das dicas divulgadas por economistas diante desse ambiente – produtos com retornos pós-fixados, indexados ao CDI, estão rendendo cada vez menos, e o mesmo acontece com a rentabilidade da caderneta de poupança, que é atrelada à taxa Selic.

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